quarta-feira, julho 30, 2003

TEORIA DA IMPOSSIBILIDADE ULTRADIMENSIONAL TEMPORAL
(dissertação em estado psicotrópico-canabinóide, pela propositada inalação de vapores opiásticos, após breve troca de ideias com irmão de Daniel Marques)


Pela sétima arte, proliferam as películas que tentam retratar a "viagem no tempo". Entenda-se por "viagem no tempo" uma série de factos, mais ou menos rebuscados, com mais ou menos efeitos especiais, dependentes de um maior ou menor orçamento, cujo objectivo é levar um ou mais seres humanos, com ou sem seres inanimados e/ou animais, para um passado alternativo ou não, com a intenção de o modificar ou não. A impossibilidade do teletransporte humano degenera em que todos eles necessitem de um "vaso ultradimensional" que os desloque temporalmente de forma artificial. A forma mais corrente é recorrer ao "portal", uma metáfora cinematograficamente simplória da ponte Einstein-Rosen. Tentarei exemplificar a impossibilidade de tal acontecer, pelo menos como nos retratam os filmes.

A) Portal, buraco negro, singularidade.

É cientificamente reconhecido que para existir, mesmo que hipoteticamente, um portal ultradimensional, teria que simultaneamente acontecer duas invariáveis matemáticas: uma quantidade de matéria com densidade infinita e volume zero, e massa.
Ora: como a massa é uma quantidade relativa de movimento no espaço, e volume zero significa nenhum espaço, então uma singularidade não teria massa. Não existe massa sem espaço, ou sem volume. E não existe buraco negro sem massa. Buracos negros podem ter densidades muito altas, mas nunca infinita. A distância que existe entre o extremamente alto até ao infinito, é a mesma que existe do zero ao infinito.
Isso leva-nos a uma simples conclusão: um "portal", ou no extremo uma ponte Einstein-Rosen, levaria-nos no máximo a uma viagem instantânea entre dois pontos completamente distintos no Universo. Nunca uma viagem espaço-temporal.

B) Impossibilidades da viagem.

Ainda retomando a temática anterior, aqui apresenta-se-nos a impossibilidade da própria "viagem instantânea", pela teoria do limite temporal. Em termos básicos, o limite temporal consiste no simples facto do impedimento em deslocarmo-nos em dois pontos distintos do espaço em tempo real zero. O limite temporal também engloba o segundo problema a ser tratado ou o principio do limite do Universo onde a concepção de que o universo é infinito, desce por água abaixo, causando como consequência, a decepção de que o universo é finito, ou seja, que têm fim. Desenvolvo: tendo como base a afirmação que a energia de qualquer corpo é igual à multiplicação do quadrado da velocidade da luz no vácuo pela massa do mesmo, obtemos que qualquer multiplicação pelo número origem é igual à própria origem, ou seja, qualquer multiplicação do zero é sempre e invariavelmente o próprio zero, logo massa zero seria energia zero, campo gravitacional zero, corpo zero, zero partícula, ou seja, o zero total, o findar do Universo. Daí não haver buracos negros com zero massa, pois isso seria a própria inexistência!
Logicamente, a única maneira de provar a existência de um "portal cinematográfico" é o somatório da energia de todo o Universo ser igual a zero, que se espelharia na equação seguinte:

matéria + anti-matéria = fotões e anti-fotões; fotão + anti-fotão = espaço.

Aqui entra a incapacidade humana de provar a existência de anti-matéria. Enquanto a existência de anti-matéria for um dado matematicamente impossível, também o é o zero como total energético, logo impossibilidade do "portal".

C) Impossibilidade de qualquer alteração.

Raciocinemos: se pressupostamente fosse válida a viagem espaço-temporal, ela própria tornar-se-ia inútil pois tudo o que aconteceu no passado está agora no presente, de uma maneira diferente. O presente é o passado modificado, e só assim, na forma presente é que o passado existe. Se o presente é o passado modificado e em contínua mudança, então não existem outros passados para onde se possa ir. Exemplo prático: se algum humano conseguisse transportar-se para o seu próprio passado na tentativa de mudar um facto qualquer da sua existência, isso tornar-se-ia desnecessário porque o presente seria sempre a "modificação" feita, logo nunca esse humano iria para o passado, pois não seria necessário. Mais ainda: se eu fosse para o passado com a chave do totoloto de à 1 ano atrás, simplesmente não iria! Pois seria rico no presente, e nunca necessitaria de ir para o passado, e assim sucessivamente.

Escreveu Stephen Hawking acerca dos portais e viagens no tempo (singularidades):
"Apenas se pudéssemos visualizar o Universo em termos de tempo imaginário é que haveria singularidades. (...) quando se retorna ao tempo real em que vivemos, entretanto, ainda teremos a impressão de que há singularidades. (...) trata-se simplesmente de saber qual deles é a descrição mais útil". DS

P.S.: Sou um pirilampo.

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