domingo, junho 22, 2003

DOMINGO É DOMINGO!

Escolhi hoje para tema desta nossa (quase) diária "conversa" o melhor amigo do Homem. Não, não é o barril da cerveja. É exactamente esse companheiro pequeno, peludo (ou não) e de quatro patas. Hoje falo-vos do cão.
Desde tempos remotos animal nobre, sempre ajudou o Homem nas suas lides domésticas e actividades comerciais. Recorde-se quem sempre foi o principal garante do correcto pastoreio das cabras, quem o principal amigo na caça, em tempos imemoriais quando a base da actividade económica humana nisso se baseava. Mas não é da rica história canina que vos falo hoje.

Dirijo-me a vós antes para dissertar sobre as novas e emocionantes vertentes caninas, a saber: refiro-me ao cão-jogador de basquete, ao cão-jogador de futebol americano e também (e porque não) ao cão-falante-amigo que inclusive faz os trabalhos de casa ao membro mais novo da família (tendo em conta a comparação cerebral Homem / Cão em termos de peso e tamanho, deduzo um brilhante futuro académico ao jovem).

Peço ao senhor Haim Saban, desde à longa data mentor e produtor destes prodígios cinematográficos que faça um pequeno esforço de raciocínio comigo. Não lhe será difícil, pois todos temos a noção do seu portentoso intelecto, aliás é disso precisamente que temos falado hoje.
Quanto ao cão-jogador de basquete: certamente o senhor terá a noção que, como qualquer outro desporto, o basquete tem regras que têm de ser cumpridas pelos intervenientes num jogo. Pois além de o nosso amigo cão cometer a falta "transporte de bola" sucessivamente, porque está mais tempo em contacto com a bola do que aquele que seria normal para dar o simples impulso ao drible, cada tentativa de encestar a bola teria de ser invalidada. Não é permitido fazer um lançamento ao cesto com outra parte corporal para além das mãos. Penso que ver num focinho canino umas mãos é demasiada boa vontade. A tudo isto o árbitro do jogo, representante supremo da magna carta regente desse digno desporto, assiste impávido e sereno. Levando a minha exposição para um campo menos técnico, será que nunca ninguém se apercebeu que... é um cão? Um cão! Animal pertence à ordem dos canídeos, e como todos eles, irracional.

Caro senhor Saban, quanto ao cão-jogador de futebol americano, será que o senhor pensa mesmo que a simples corrida de um cão para a zona de "touchdown" leva a que defesas humanos se desloquem numa corrida desenfreada atrás dele? Acha lógico eles temerem a recepção de um passe por parte do nosso amigo de quatro patas? Acha mesmo que o "quarterback" de qualquer sociedade desportiva iría realmente passar a bola a um cão?

Outro assunto que me deixa profundamente intrigado é o cartão de atleta do cão. Haja alguém que mande uma pirilamparada a este blog e me elucide sobre esta tremenda questão. O cartão, conteria a raça do atleta? Por outro lado isso não seria reprovável e motivo suficiente para Amnistia Internacional processar a federação por segregação racial? Aliás, só a própria aceitação da inscrição do cão por parte de uma qualquer federação desportiva, já é motivo que me pasme o suficiente. No cartão haveria alguma alusão à mão ou pé predefinido como mais forte por parte do atleta? Inúmeras questões as que levanto e para as quais ainda não tenho resposta.

Mas eis que, quando já todos achávamos que o senhor Saban tinha debitado a sua mais preciosa pérola televisiva e que nada mais nos surpreenderia numa tarde de Domingo da TVI, surge para gáudio geral, o cão-falante-amigo. E é precisamente neste particular que temos a noção da desmesurada e rebuscada intelectualidade do senhor Saban. Todo o seu brilhantismo brota em cada episódio desse monumental argumento em que há um belo exemplar canino que fala constantemente com um jovem, ajudando-o inclusive nas suas obrigações escolares. Mas só com aquele jovem. Porque não se assume de uma vez a latente esquizofrenia do garoto? É lógico achar-se que é realmente o cão que fala em deterimento da doença mental do petiz?

Com a evolução da sociedade, o melhor amigo do Homem foi alterando as suas potencialidades. Passou de um simples pastor a um bem sucedido atleta de alta competição. Deixou o simples e pacato mester de correr pelos campos guardando rebanhos e entrou no complexo, fascinante e perigoso mundo desportivo. Actualmente o cão é aquele a quem se exige a resolução de um jogo no último segundo, o rendimento físico, o ícone de massas, garante de saúde e desportivismo. DS

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