QUANDO OS PROGRAMADORES DE JOGOS DE SPECTRUM SE DROGAVAM NOS ANOS 80 – VOLUME I
Por esta altura no ano passado estava agarrado ao Championship Manager 3 ou ao Counter-Strike, mas lentamente deixei este terrivel vício desde que aprendi a cortar as unhas dos pés de pernas para o ar. Finalmente um passatempo saudável.
Ou então não.
Infelizmente, esta semana, o meu diabólico irmão (ainda uma deprimente criatura agarrada a obras do Demo como o Pro Evolution Soccer 3) teve a infeliz ideia de procurar os nossos antigos jogos de Commodore 64 pela internet. E eis-me novamente viciado nos jogos que faziam as minhas alegrias numa altura em que as camisas de flanela ainda não estavam na moda - Demónios te carreguem, Eddie Vedder!
A boa notícia é que esta situação oferece-me uma estúpida desculpa para exibir parte da minha teoria que defende que TODOS os programadores de jogos de computador dos anos 80 eram uns junkies do mais motherfuckin’ hardcore junkie possível. Naquele tempo é que era hardcore. Não havia espaço para os actuais lastimosos programadores, sombras albinas de um glorioso passado. Nos 80’s o programador de jogos de Spectrum residia no patamar de coolness de um actor porno dos 70’s e snifavam tanta coca como o Robert Plant circa "Houses of the Holy".
Para acabar com essas dúvidas atentemos no jogo Starquake (1988):
Qual é o objectivo de Starquake ninguém sabe. Nem mesmo os programadores. A história (?) começa com uma nave despenhada num planeta qualquer. Ao lado da nave está um... um... uma coisa que não lembra nem ao Menino Jesus, e que será o bonequinho que vamos controlar. Para facilitar as seguintes explicações, chamemos-lhe “John”.
O “John” é uma... coisa com habilidades tão variadas como “andar para a direita” ou mesmo “andar para a esquerda”. Estas habilidades, quando utilizadas sabiamente, dão origem a um revolucionário movimento: cair de precipicios.
Passado 10 minutos de jogo, descobri que o “John” possui a capacidade de se elevar ao colocar plataformas por baixo dele. Plataformas que se evaporam rapidamente. Alguém me quer convencer que um programador de jogos de computador se lembrava disto no seu estado normal?
Ao percorrer a comovente odisseia de “John” começamos a encontrar os habituais packs de munições e de energia e objectos tão úteis no espaço sideral como “antenas de televisão”, “biscoitos” ou “jantes de automóveis”.
Mas a piéce de résistance de Starquake reside nos inimigos de “John”: O planeta em questão é habitado por lagartixas voadoras, amibas errantes e outros animais impossíveis de desenhar sem o auxílio de uma razoável dose de LSD. Para acentuar o ambiente psicadélico do jogo não podia faltar a usual banda sonora de um jogo de Spectrum. Citando Pedro Alvares Cabral: “É o full package, Bartolomeu!”.
Dentro da minha escala Uso de drogas/Resultado final (onde o mínimo equivale a “Consumo Esporádico de Cogumelos” e o máximo a “Estes Deram Duro Na Coca!”), Starquake situa-se a 81%.
Traduzindo para leigos, trata-se de um sério caso de abuso de Gamma Hidroxibutirato.
Das
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