segunda-feira, novembro 10, 2003

LUSITANIDADES: MOMENTO POÉTICO II

"Emigrante
Vem devagar, por favor
Temos muito tempo para lá chegar.
E depois, lá diz o velho ditado:
'Mais vale um minuto na vida,
Do que a vida num minuto'

Passou-se no mês de Agosto
Este drama tão cruel
De um emigrante infeliz.
Foi tanta a pouca sorte,
Na estrada encontrou a morte
Quando vinha ao seu país.

Do trabalho veio a casa
Preparou a sua mala
E partira da Alemanha.
Mas seu destino afinal
Acabou por ser fatal
Numa estrada em Espanha.

Dizem aqueles que viram
Que ele ia tão apressado,
A grande velocidade,
Foi o sono que lhe deu
O controle ele perdeu
Desse carro de maldade

Foi o sono que lhe deu
O controle ele perdeu
Desse carro de maldade.

Trazia na sua mente
Ir ver seu pai doente
Que estava no hospital.
Na ida ele só pensar
O seu paizinho beijar
Ao chegar a Portugal.

Mas tudo foi de repente
Pertinho de Benavente,
O drama aconteceu.
Ele vinha tão cansado
De tanto já ter rolado
E então adormeceu.

Nada podendo fazer
Num camião foi bater
E deu-se o choque frontal
Seu carro se esmagou
E desfeito ele ficou
No acidente mortal.

Seu carro se esmagou
E desfeito ele ficou
No acidente mortal.

Ele não vinha sozinho
Trazia também consigo
Sua mulher e filho.
Sem darem conta de nada
E naquela madrugada
Morrem os três no caminho.

Quando a noticia chegou
No hospital alguém contou
O desastre que aconteceu.
Seu pai que tanto sofria
Nunca mais o filho via
Fechou os olhos, morreu.

Emigrantes ouçam bem
Não vale a pena correr
Porque pode ser fatal.
Venham todos devagar
Há tempo para cá chegar
E abraçar Portugal!

Venham todos devagar
Há tempo para cá chegar
E abraçar Portugal!"

Graciano Saga.
DS

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